quarta-feira, 4 de março de 2009

Não somos o que mostramos?

Afinal quem somos nós. Será que temos uma personalidade constituída quando nascemos, como insistem os psicólogos ou somos uma metamorfose ambulante, como cantava Raul Seixas. E, se somos agentes de constante mudança, quais são as variáveis que agem sobre nós. As pessoas apenas? Cada vez mais acho que eles tem a menor porção de culpa naquilo que somos. Cada vez mais somos resultado de convenções e da maneira como a sociedade se reorganiza. O que ela considera como mais viável ou não.
Se é assim, cada vez que muda uma tecnologia, estamos sujeitos a trocas de estilo de vida que influenciam direto em nossas personalidades. Ou será que não? Mas, para mim, tudo indica que sim. Afinal, não dizem que você é o que você veste, o que você come, o que você pratica, o que você lê.
Analisando de forma mais atenciosa, fico com medo de tudo isso. Nesta semana li uma matéria no site da BBC - "Cash and cheques could be unfashionable", em português Dinheiro e cheques podem ficar fora de moda - e comecei a pensar sobre algumas coisas. Que estamos sujeitos às marcas porque elas falam sobre nossas personalidade, isso já ficou claro com a astronômica ascensão da Apple, da Adidas e da Nike. Mas qual será o limite de tudo isso. Será que logo logo teremos uma grife de serviços bancários. Se sim, o que os bancos devem fazer para se transformar na marca escolhida pelas pessoas. Afinal, se cada vez mais usaremos cartões de crédito, é preciso ter orgulho de sacá-los da bolsa para usá-los (idéia extra= será que o nacionalismo do uso da moeda nacional saiu de moda - até mesmo na Inglaterra!). Afinal, ninguém compra um MacBook pela funcionalidade (afinal poucos sabem qual é a verdadeira vantagem de se ter um Mac), mas sim pelo orgulho de ter uma maçãzinha.
É claro que no pagamento por outros meios eletrônicos como celulares que já nutrem no consumidor um senso de marcar, fica mais fácil. Nesse caso, a verdeira disputa será pelas operadoras e não será tão evidente no look da pessoa. Mesmo assim, esse detalhezinho fará parte de quem realmente somos.
Sabe, quando eu era pequena minha mãe sempre insistia quando eu pedia alguma coisa nova que mostravam na televisão: "Não somos o que mostramos, mas sim o que internalizamos". Cada vez mais acho que a nossa sociedade está acabando com essa máxima e criando uma nova. Afortunados aqueles que aprenderam com ensinamentos parecidos com os da minha mãe. Com certeza, a vida deles será mais feliz (será uma nova era hippie de desprendimento da cultura subjacente àquela organizada em torno da tecnologia - ignorem, maluquices).

Extra = enquanto escrevo, olho para frente e um homem de camisa rosa com gravata vermelha caminha de um lado para outro sem parar, a cabeça está baixa. Ele está apavorando a minha colega trainee que está sentada entre o percurso de vai e vém dele. Sei lá... coisas para contar.

Ps.: Se quiserem, ignorem todas as maluquices que eu escrevi em parênteses. As idéias brotam enquanto eu escrevo - como eu ia adorar se esse texto tivesse hiperlinks para minhas idéias com pop-ups por todos os lados com comentários inúteis.

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